21 a 30 de julho de 2015. Foram dez dias dos mais agradáveis de minha vida, entre o Ceará, Piauí e Maranhão, partilhados com nosso sobrinho Leo e os suíço-nigerianos Benjamin, Besiguin, Teshola, Esima e Toju.

 

 

         Começamos por Paracuru, onde esperamos a maré secar para seguir para Flecheiras. Numa kitetrip é assim: tem que respeitar o horário das marés, porque vamos pela praia, sobre a areia dura. Ou enquanto uns vão no carro, outros vão voando pelo mar, de kite. Depois do almoço, partiu Mundaú, se hospedar entre telhados de tronco e palha de carnaúba, com o pé na areia e sentindo o ventinho constante. No dia seguinte, depois da praia, seguimos para outro paraíso: Icaraí de Amontada, onde nos esperava uma pousada com arquitetura, decoração e serviço caprichados.

           No terceiro dia já estamos em Jericoacoara, onde todo dia é sábado, como definiu Dadinho, já que a maioria que anda pela rua está de biquíni ou calção. E é assim a viagem: calma e segura. E não é preciso programar nada, porque o Leo cuida de tudo, e sabe inclusive quais são os melhores restaurantes ou onde os preços são mais justos. E eu relaxei de vez. Zero estresse.
           Despedimo-nos dos amigos suíço-nigerianos e agora fomos só nós para Camocim, com o mar à direita, o mangue à esquerda, às vezes por dentro do mangue. Pela praia sempre que possível, tudo depende da maré. Em cada lugarejo, um amigo do Leo nos cumprimenta, conta as novidades e já dá uma dica para o trecho seguinte do caminho. E tome caranguejo! No dia que passamos entre Camocim e Parnaíba, foi carne de caranguejo no almoço e torta de caranguejo no jantar. Mas também comemos muito peixe, camarão, pão, queijo e manteiga feitos em casa, ovos caipiras.
           Estava com saudades da flora nordestina: os coqueiros, as carnaúbas e os buritis; os cajueiros; e o mangue com suas raízes aéreas. A chamada Rota das Emoções, entre Jericoacoara e São Luis, nos lembra que temos costumes tão diferentes mesmo vivendo num mesmo país. Como em Jeri, onde se sobe a duna para ver o pôr-do-sol. Ou como em Tutóia, já no Delta do Rio Parnaíba, onde se joga futebol às seis e meia da manhã na areia da praia.


           Deixamos o carro em Caburé e atravessamos o Rio Preguiças de lancha voadeira para Atins, já nos Lençóis Maranhenses. Atins já é outra estória, outro planeta, e minha nova paixão. Primitiva e aconchegante, parece a Jericoacoara de trinta anos atrás. Com certeza vou voltar, e como ela se esconde entre o mar, as dunas e o rio, acho que vou ter que disputar de novo uma vaga na trip do Leo.

 

                                                                                                                                   Livia Melo Rodrigues

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